terça-feira, 3 de julho de 2018

3x4

Eu vou fazer uma identidade nova. Ainda tenho a primeira aqui comigo, mas se tornou impossível andar com aquilo e chamar de rg. Primeiro que toda vez que eu viajo, fico torcendo pra moça da TAM não me barrar, é um sufoco. Depois vem as provas da faculdade, onde o professor precisa olhar pra aquela foto emo 2009 e confirmar algo na minha cara de emo 2018. Eu estava só esperando fazer 25 pra fazer outra. Acho que é uma boa idade, essa aqui eu fiz no penúltimo ano da escola e ficou obsoleta rapidinho, principalmente porque eu tava de farda e meu cabelo ainda era virgem. 

Eu vou fazer uma identidade nova e pra isso eu preciso de uma foto, uma não, duas. Eu lembrei disso por conta daquele dia que eu fui fazer uma 3x4  pra carteira de estudante e você digamos que me convenceu a tomar uns copos de vinho antes, ficou uma merda. E mais merda ainda é saber que uma das cópias ainda está contigo. Eu lembrei disso porque tenho passado um tempo na terapia falando sobre culpa. E uma hora eu ia ter que chegar em você. Achei que não ia precisar, mas não teve jeito.

É engraçado esse lance de culpa, porque sempre cai em cima do ombro de alguém quando uma história termina. A nossa eu coloquei tudo nas suas costas, sem medo, sem olhar pra trás. Se teve uma coisa que eu não fiz o tempo todo foi olhar pra trás, eu tinha PAVOR de pensar na nossa amizade. Mas aí, tudo uma hora virou uma bola de neve e eu precisei  descongelar e observar cada fragmento do que aquilo representava.

Eu percebi que carrego muita culpa, muito mais do que deveria. E tendo a colocar culpa nos ombros dos outros também. Como se as histórias não pudessem dar errado, como se dar certo fosse a única opção. Não deu? culpa sua. Não deu? culpa minha. Tem umas duas culpas que eu carregava aqui e já tavam pesando uma tonelada, precisei tirar o saco das costas e deixar um monte de pedra no meio do caminho. Tô mais leve.

Mas e a culpa que joguei em cima dos outros, o que faço? Tá difícil desapegar daquela imagem que parece tão resolvida na minha cabeça. Eu já teci todas as histórias a fim de que elas fizessem esse sentindo, sabe? E agora preciso abrir mão de tudo, rever tudo, entender minha parte nisso tudo também, dá um trabalho enorme. Não é uma fotografia, não é estático, não é preciso. É a vida. Flui.




quarta-feira, 27 de junho de 2018

Maria,

Eu queria dizer que teu livro me tirou o chão mas me deu o céu.
Eu o teria lido de uma tacada só se não tivesse ficado tão apegada a deixar que o quentinho no coração que ele me dava, fosse distribuído em doses homeopáticas. Mas deixa eu te explicar primeiro o que rolou: comprei esse livro pra relaxar, naquele esquema de ler o melhor que o combo mina-branca-classe-média-alta pode oferecer, aquelas lembranças fúteis e cruciais de quem teve o privilégio de desfrutar de mesa farta e lugares legais que os pais nos levavam no final de semana. Era isso no máximo que eu esperava, mas nessa falta de pretensão de profundidade, vamos dizer assim, encontrei uma Maria que não estava preparada pra lidar. Me perdoe se eu estiver sendo muito dura, mas é a real, não posso mentir. 

Primeiro que crônica contemporânea naturalmente me fode muito. Me fode tanto quanto pedir pra eu ficar e dizer que vai fazer caipirosca nevada, é sacanagem. Depois, eu fui entrando na tua de colocar as músicas enquanto lia os textos e isso é como meia calçada em noite de chuva. Em seguida, tu começou a se declarar pra tanta gente e aí eu tive certeza que eu tava completamente apaixonada por eles e por tu. Esse é meu jeito de escrever também Maria, eu não posso ver um aniversário que eu já quero fazer textão de amor no instagram. E tu tem praticamente meio livro de declarações de amor. Eu não sei lidar com isso, definitivamente. Vou ter que fazer o meu também.

Outra coisa que não sai da minha cabeça é a forma simples e direta de  como tu consegue falar sobre tu, sobre o Frontal, sobre essa inadequação pra um monte de coisa, sobre as questões "froidianas" da vida. E eu acho isso lindo, porque é engraçado e vulnerável na medida certa. Toda vez que tento fazer isso soa tão pesado que eu tenho vontade de ir embora me carregando pelos braços. Mas tu é leve, engraçada, me faz rir de mim mesma. Quando crescer, quero ser assim.

E agora eu tô aqui, toda in love, ouvindo Marcelo Camelo e dando sorriso de canto de boca, toda boba. Olhando casal em fila de supermercado e achando a coisa mais linda do mundo. Ou vendo gente correr da chuva e querendo fotografar essa poesia. Tô linda, linda. E tu também. Aguardo tuas próximas palavras. Elas contagiam e despertam o melhor de mim. 

Com amor (e sinceridade),
Alana.


segunda-feira, 25 de junho de 2018

Tá difíciil, tupá tupá tupá

Tem uma gravação caseira que Lucas fez de Alcatraz que começa com a voz dele vazando e dizendo algo como: "Tá difícil. Tu pá tu pá tu pá". Fala que não faz sentindo nenhum na música, talvez com a ideia de marcar o tempo pra quem tava tocando, mas ficou na gravação e foi assim mesmo. Às vezes quando eu penso que tá difícil, é impossível não ensaiar dizer um tupá tupá tupá e rir. Rolou agora.

Mas eu tô enrolando pra falar o que eu vim dizer. Nada disso faz parte do que eu queria contar. É que eu sou péssima com essa coisa de interação social, sabe? É complicado pra mim. Eu adoraria ser aquela pessoa que troca conversas triviais com a caixa do supermercado e sai de lá com uma dica sobre um produto ou lugar novo pra conhecer. Mas não rolou, ou ainda não rolou, ou talvez nunca role. 

E o que eu queria dizer era exatamente, isso. Não sobre conversar com a caixa do supermercado e falar com estranhos, mas dessa inadequação minha de dividir quem eu sou, o meu mundo de um jeito mais objetivo.  Sei lá, eu por exemplo adoraria te explicar as coisas que eu gosto. Mas nunca dá. E nunca dá também porque você fala demais e fica inviável encontrar uma deixa pra encaixar minha voz na tua de um jeito que seja natural, orgânico dentro da conversa.

Mas também porque sei lá porra, eu não faço ideia da pessoa que eu me tornei. Sabe? Eu tava muito acostumada com essa coisa de fazer sentido, minha vida tava super bem amarradinha, juro. Eu era a menina apaixonada por fotografia que virou radialista e depois se formou em publicidade e foi trabalhar com comunicação pro resto da vida.

Mas aí veio 2016 e tudo ficou meio nebuloso, sabe? E depois de tanto tempo me recuperando desse corte seco da vida, eu me encontro em outro take, um take novo onde eu não faço ideia do que tá rolando por aqui.

De repente eu virei alguém que gosta de usar óculos em mesa de bar pra olhar os outros nos olhos. Aí quando vi tinha feito 25, tava voltando a pintar a unha de rosa, tava saindo mais de casa, tava comprando livro físico de crônica. Tu tem noção do que é livro físico? Eu passei a vida inteira fazendo a vida caber em duas malas de 32kg pra poder ir embora a hora que eu quisesse. E agora tudo que eu quero é ficar. 

Agora eu tô pensando antes de falar, tô calculando com calma a quantidade de caipirinha que entra no corpo pra estar inteira e poder caminhar no outro dia, tô indo pra encontro sem saber ideia do que vai acontecer e sem querer nem fantasiar sobre o assunto.

Você tem noção do que é isso?
 Eu não faço ideia. Tá confuso pra mim também. Tá difícil tupá tupá tupá. 

Carta pra você

Oi,

Eu acabei de botar Marcelo Camelo aqui pra tocar (Vermelho). É uma música nova pra mim, mas numa voz de alguém que eu conheço, que soa quase como uma abraço profundo de amigo. E escrever com música é outra coisa, principalmente uma que lembra você. Essa música tem uma pegada de Metá Metá que lembra a época que eu fazia dança contemporânea e só queria sair deslizando de meia por todos os chãos do mundo, fluindo. Às vezes, e principalmente quando eu ouço essas musicas mais romanticazinhas que ando ouvindo agora, eu queria que você também fosse um lugar bom pra eu entrar de meia e deslizar. Eu sinto que seu pudesse te acessar de alguma forma, eu escolheria um quarto de linóleo dentro do seu coração pra dançar. Só assim eu poderia te dizer quem eu sou. Só assim eu sentiria que finalmente sou parte de você. 

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Me encontrando no olhar.

Depois de quase dois anos que resolvi me assumir como fotógrafa profissional, as coisas deixaram um pouco de fazer sentido. Eu estava um pouco confusa com minha atuação no mercado e não sabia muito bem como reposicionar minha marca. Eu tinha o mais difícil que era um diferencial num mercado que já está saturado e talvez sendo o fato de que "casa de ferreiro, espeto de pau" eu simplesmente não conseguia fazer publicidade para o meu negócio.

 Então eu parei de fotografar profissionalmente por meses, foi um limbo horrível, até que eu conheci um aplicativo de smartphone chamado Gudak Pro. Esse app emula uma câmera analógica e me fez voltar a ter um pouco de prazer fotografando. O diferencial aqui é simplesmente ficar restrita a 24 fotos por vez e ter que esperar 24 horas para o filme ser "revelado". Lembrei imediatamente do meu professor de TCC 1 falando sobre a importância do recorte dentro de uma pesquisa, às vezes a limitação é  o melhor instrumento que você pode ter em mãos para simplesmente utilizar uma criatividade que você nem sabe que tem. 

E por aqui, limitada, sigo me divertindo e me descobrindo abundante. 









domingo, 26 de novembro de 2017

Três amores

Hoje o café e a inspiração bateram nessa cabecinha. Resolvi pegar mapas que estavam guardados numa caixinha cheia de lembranças e usá-los na nova decoração do meu quarto. Eu não sei se é o final do ano, mas tenho sentido a necessidade de renovar as coisas, principalmente o lugar em que eu passo a maior parte do tempo. Então a parede do meu quarto agora tem os lugares que eu mais amo no mundo juntos numa coisa só. Sampa, Recife e Minas (representado pelo mapa de Inhotim). Engraçado que eu tenho esses mapas desde 2015 por aqui e nunca tinha tido essa ideia. Agora deu uma vontade imensa de sair por aí viajando e colecionando mapa de todos os lugares.



sábado, 18 de novembro de 2017

O famoso maltado da Rua da Guia.

Há anos tenho uma listinha de coisas que gostaria de fazer em Recife (acredito que desde 2012). De lá pra cá muitas coisas foram cumpridas, outras fui desistindo no caminho porque não combinava  mais comigo e há coisas que eu simplesmente esqueci que gostaria de fazer. Uma dessas últimas era visitar a lanchonete "As galerias" que fica na Rua da Guia, lá no Recife Antigo. Confesso que já admirava o local por fotos no instagram porque tem uma placa antiga que é "bem fotografável" (coisas que fotógrafo) e sempre via uma ou outra pessoa falando que aquele lugar vendia o melhor maltado da cidade. 

Após visitar mais uma vez o Cais do Sertão e lá pelas tantas sem vontade de perambular pelo antigo sem rumo, lembrei do antigo desejo. Minha amiga que já conhecia o lugar topou ir comigo.

O bar já está na terceira geração e tem origem Cubana. 



Eu finalmente realizando meus desejos de tomar o malte e fotografar a famosa placa. 


Daquele tipo de coisa que por mais beatinhas que pareçam, dão um quentinho no coração e deixam a gente mais animada. Espero voltar ao local para experimentar os outros tipos de maltado e fotografar mais vezes. 

3x4

Eu vou fazer uma identidade nova. Ainda tenho a primeira aqui comigo, mas se tornou impossível andar com aquilo e chamar de rg. Primeiro qu...